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Fraude no Facebook?

Por Filla • Comentários

Vídeo alega que anúncios da maior rede social do mundo são total desperdício de tempo e dinheiro

“Fraude do Facebook”. Foi com este título no mínimo impactante que o blog Veritasium postou um vídeo em seu canal do Youtube, neste último dia 10, e que está dando o que falar na internet. Basicamente, a acusação é de que os anúncios da maior rede social do mundo (os famosos ‘Facebook Ads’), na verdade, não passam de um grande “desperdício de dinheiro”, conforme define o próprio Derek Muller, australiano e autor da gravação.

Para levantar as informações deste post, já no dia seguinte à publicação do vídeo, a CreativeBizz analisou tanto o conteúdo do mesmo, quanto as páginas e sites citados. De fato, a argumentação está bem amarrada, de forma didática e é convincente.

Segundo apontado, existem duas formas de se adquirir seguidores: uma legítima e outra não. A ilegítima ocorre quando um internauta vai a sites como o Boostlikes e compra pacotes de ‘curtidas’. Lá, por exemplo, é possível encomendar 2 mil delas, pela bagatela de US$ 120 (cerca de R$ 288, o que dá R$ 0,14 por ‘like’). E mais: o site ainda anuncia a entrega em até 15 dias, com a garantia de que “estas campanhas parecem muito naturais e você não receberá uma enxurrada de ‘curtidas’ ou seguidores em um curto período de tempo”. Ainda, para convencer o internauta quanto ao suposto benefício da contratação, vale-se do argumento de que “contar com poucos ‘likes’ no Facebook e outras plataformas sociais pode indicar que o seu produto ou website parece ser demasiadamente novo e sem reputação. A Boostlikes aumenta seu número geral de fãs e, rapidamente, eleva sua visibilidade na rede social (…)”.

Mas como, exatamente, funciona este serviço? Muller também explica que, em casos assim, são utilizadas as chamadas “click farms”, que consistem num grande número de pessoas empenhadas em curtir páginas diversas, sendo pagas para isso. As maiores delas, segundo informado, ficam em países como Índia, Filipinas, Nepal, Sri Lanka, Egito, Indonésia e Bangladesh. O resultado, porém, não compensa. Há uma enorme quantidade de seguidores, mas com baixíssimo engajamento e falta total de interesse pelas publicações.

O Facebook, é claro, tem conhecimento desta prática. E a condena publicamente, com o seguinte alerta em suas regras de uso (com repetição excessiva de palavras e tudo mais, conforme tradução literal a seguir): “pessoas que curtem a sua página desta forma serão menos valiosas para a sua página, pois elas não terão, necessariamente, um interesse genuíno sobre o assunto da sua página. Se o sistema de spams do Facebook detectar que a sua página está associada a este tipo de atividade, nós imputaremos limites à sua página, para prevenir futuras violações às nossas Declarações de Direitos e Responsabilidades”.

O que o vídeo expõe, porém, é que o Facebook oferece uma maneira legítima de comprar ‘curtidas’, que é fazendo anúncios e promoções. Contudo, os resultados reais são tão incipientes quanto os de uma “click farm”.

Como exemplo, ele cita o experimento feito, em 2012, por Rory Cellan-Jones, correspondente de tecnologia da BBC, que criou uma fan page no Facebook (a Virtual Bagle), para testar o impacto das ‘curtidas’. Na ocasião, foram investidos US$ 100 em anúncios e os novos seguidores, imediatamente, começaram a aparecer. Como teste, o Reino Unido e os Estados Unidos foram marcados como praças-alvo da ação, juntamente com países onde ficam as maiores “click farms”.

No fim, veio a confirmação: a maior quantidade das novas ‘curtidas’ advinha de países como Egito, Indonésia e Filipinas. Além disso, os perfis de alguns seguidores pareciam igualmente suspeitos, a exemplo de um rapaz supostamente chamado “Ahmed Ronaldo”. Basicamente, seu perfil estampava fotos do jogador Cristiano Ronaldo e sem qualquer publicação pessoal relevante. Porém, sozinho, ele curtia 3 mil páginas. Isto sem falar na clara percepção de que os novos seguidores eram tão desengajados quanto os oriundos de uma “click farm”. Contudo, o correspondente da BBC não havia contratado uma empresa deste tipo, mas sim os anúncios do próprio Facebook!

Tira-teima adicional – Para verificar pessoalmente a situação, Muller fez um novo teste. Com US$ 50 oferecidos gratuitamente pela rede social, promoveu sua página e, de 2 mil seguidores, passou para nada menos que 70 mil, em alguns meses. Ou seja: o volume de ‘curtidas’ aumentou impressionantes 35 vezes! Entretanto, 75% delas respondiam por apenas 1% do engajamento. E pasmem: com acessos vindos, mais uma vez, de regiões como Egito, Índia, Filipinas e Sri Lanka. A informação trazida pelo vídeo de que o Departamento de Estado norte-americano pagou US$ 630 mil (mais de R$ 1,5 milhão) para obter 2 milhões de novos fãs, mas percebeu que o engajamento foi de pífios 2%, reforça a teoria.

Foi, então, que surgiu a pergunta: se as grandes “click farms” estão em países específicos, uma forma de evitar esta situação não seria excluir estas regiões, na hora de promover algo no Facebook? Na verdade, não! E foi em mais um teste prático que o Veritasium chegou a esta conclusão.

Apenas para fins de análise, o próprio Muller criou a Virtual Cat, uma página nada atraente, com um conteúdo que ainda debochava de eventuais seguidores (justamente para afugentá-los, trazendo os insolentes dizeres “apenas um idiota curtiria esta página”). Porém, foram pagos US$ 10 em promoção, com foco restrito aos EUA, Canadá, Austrália e Reuno Unido. Em apenas 20 minutos, contudo, o orçamento já havia sido todo utilizado e conseguidos 39 ‘likes’ (a um custo, então, de US$ 0,25 cada). O perfil dos seguidores, desta vez, eram todos dos países selecionados. Todavia, tão estranhos quanto o do “Ahmed Ronaldo”: curtiam as mais variadas coisas, sem uma lógica aparente e, muitas vezes, até contraditórias (como marcas completamente rivais no mercado).

Perda dupla para o anunciante – Diante deste cenário, Muller sentencia que o Facebook ganha dinheiro duplamente sobre seus usuários/anunciantes. E de forma injusta! Primeiro, ajudando-os a adquirir novos fãs. Depois, cobrando novamente, para tentar atingi-los (uma vez que o engajamento é tão baixo, que a única alternativa para obter um melhor resultado é promovendo um post).

Mas uma dúvida prevalece aqui: se o Facebook é oficialmente contra “click farms”, ele estaria pagando justamente pelos serviços deste tipo de empresa? O autor do vídeo antecipa que não acredita ser este o caso. De acordo com ele, um artigo encontrado na internet traz uma hipótese plausível: para evitar serem descobertas e maquiar suas ações com ar de genuínas, as “click farms” curtem de tudo. Tanto as páginas que contrataram seus serviços, quanto as que não pagaram absolutamente nada por eles. Assim, fica mais difícil de elas serem detectadas pelo Facebook. Porém, acabam impactando nas promoções como um todo.

Facebook nega fraude – Na tarde de ontem, em matéria publicada no AdNews, a gerente de Comunicação do Facebook aqui no Brasil, Camila Fusco, afirmou que a denúncia não condiz com a realidade. Segundo ela, entre outras ações para evitar este tipo de situação, a equipe da rede social realizou uma verdadeira “cruzada”, para extinguir perfis falsos (justamente os pagos pelas “click farms”).

Camila alega, ainda, que o exemplo do ‘Virtual Bagels’ é antigo e, no caso do ‘Virtual Cat’, o motivo de as pessoas terem curtido a página foram as imagens dos gatos. Ou seja: tudo consistiu em algo espontâneo, provavelmente feito por usuários que se ativeram somente às fotos, mas não ao conteúdo textual. Já quanto ao fato de os perfis dos seguidores aparentarem ser falsos e curtem coisas contraditórias, a justificativa foi de que as “pessoas têm vários tipos de interesses”.

Até o momento da publicação deste post, entretanto, 100% dos comentários nesta mesma matéria do AdNews diziam não estar convencidos pela explicação da gerente. Um deles, por exemplo, opinou que ela utilizou “só respostas evasivas, jogou na defensiva, com argumentos abstratos”.

E você? O que pensa sobre este assunto? Concorda que anunciar no Facebook é um desperdício? Compartilhe este post e deixe aqui a sua opinião! Aproveite também para assistir ao vídeo que está gerando toda esta polêmica (é em inglês e sem legendas, mas vale a pena dar uma olhada):